sexta-feira, 25 de março de 2016

Esta casa fica sobre a água no sentido de que não está tanto assim abaixo do limiar da pobreza, por exemplo. Mas fica efectivamente sobre a água. Pena que você seja lisboeta e simplesmente ache que os barcos da Soflusa são bonitos e que, por influência, não há margens erradas. A verdade é que o Tejo é uma grande canalização, que tudo esconde. A coisa repete-se a cada madrugada. É para Lisboa e ao encontro dum patrão que eles se dirigem, daquele que os livra de rebentarem de fome e de não rebentarem de telecomunicações, e têm um medo enorme do perder, os covardes. No entanto, a ração fá-los transpirar e cheirar mal durante dez, vinte anos ou mais. Não é de mão beijada, não. A conclusão disto é que alguns de nós também mimicam e copiam. Outros mascarão pastilha que soa a *pastiche-pastiche*. Um velho contou-me que se a Soflusa fosse privatizada, se calhar desenvolvia-se indústria na Lisbon South Bay. Concordei.

Se o Tejo é leite, eu nunca tive sede. Acabo a viagem do dia com um sorriso amarelo muito pequeno. Assim se faz, às vezes, a falta do que os outros têm.

Muito obrigado.

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