sexta-feira, 25 de março de 2016

Tanto tento.
R: tinto.
Tonto.
Tum. Tu.
Esta casa fica sobre a água no sentido de que não está tanto assim abaixo do limiar da pobreza, por exemplo. Mas fica efectivamente sobre a água. Pena que você seja lisboeta e simplesmente ache que os barcos da Soflusa são bonitos e que, por influência, não há margens erradas. A verdade é que o Tejo é uma grande canalização, que tudo esconde. A coisa repete-se a cada madrugada. É para Lisboa e ao encontro dum patrão que eles se dirigem, daquele que os livra de rebentarem de fome e de não rebentarem de telecomunicações, e têm um medo enorme do perder, os covardes. No entanto, a ração fá-los transpirar e cheirar mal durante dez, vinte anos ou mais. Não é de mão beijada, não. A conclusão disto é que alguns de nós também mimicam e copiam. Outros mascarão pastilha que soa a *pastiche-pastiche*. Um velho contou-me que se a Soflusa fosse privatizada, se calhar desenvolvia-se indústria na Lisbon South Bay. Concordei.

Se o Tejo é leite, eu nunca tive sede. Acabo a viagem do dia com um sorriso amarelo muito pequeno. Assim se faz, às vezes, a falta do que os outros têm.

Muito obrigado.
A China já é neons.
Eu continuo a atirar pedras ao charco,
Não tenho remédio.
O zangão na amendoeira
E ao fundo uma queimada lareira.
Assim é o fim do Inverno.

quinta-feira, 24 de março de 2016

rir e pular



Cancun no inverno cheio de turismo,

Tu-ris-mo!


México
Colômbia
Venezuela
Bolívia
Amazónia perdida

Todos ao banho!

Pó-pular.

Areia e o homem de negócios a fazer castelos com o filho,

Sentadinhos a ver a paisagem bonita, aprender com o sábio.

Da matÉria

Lodo,
Intermitência verde em rotação.
Contemplar o todo
Como a medicina em acção,
Deitados no chão,
Baptismo do engodo,
Gado sagrado das bruxas do ser,
O reitor e o xamã,
Piloto ancião,
Putas à volta a chamar pela mãe,
Suplício do senão,
Ascensão à razão,
Ração ordeira que parece um prédio.
É o teu teste intermédio.
É o poder régio,
Qual ampere senhorio.
Vale do rio,
Mãe! Cio! Ahahahahaha!

quarta-feira, 9 de março de 2016



<br />
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 159.65pt;">

<span style="font-family: &quot;Courier New&quot;;">vou

virar uma televisão</span></div>

<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 159.65pt;">

<span style="font-family: &quot;Courier New&quot;;">multi

pluri conteúdos!</span></div>

<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 159.65pt;">

<span style="font-family: &quot;Courier New&quot;;">verdi

e neets zap! cronenberg<span style="mso-spacerun: yes;">&nbsp; </span>e blunt wraps</span></div>

<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 159.65pt;">

<span style="font-family: &quot;Courier New&quot;;">taoismo

pós-estruturalismo yayaya!</span></div>

<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 159.65pt;">

<span style="font-family: &quot;Courier New&quot;;">videoclip

amador da big papa</span></div>

<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 159.65pt;">

<span style="font-family: &quot;Courier New&quot;;">apostas

no PLACARD, zap! psicanálise</span></div>

<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 159.65pt;">

<span style="font-family: &quot;Courier New&quot;;">big

business com sotaque argelino!</span></div>

<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 159.65pt; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: &quot;Courier New&quot;; font-size: 16.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">ZAP! ZAP! ZAP! ZAP! ZAP! ZAP! ZAP!
ZAP! ZAP! ZAP! ZAP! ZAP! ZAP! ZAP!
ZAP! ZAP!
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 159.65pt; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: &quot;Courier New&quot;; font-size: 16.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">ZAP! ZAP! ZAP! ZAP! ZAP! ZAP! ZAP!
ZAP! ZAP! ZA ZAP! ZAP! ZAP! ZAP! ZAP! ZAP!
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 159.65pt; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: &quot;Courier New&quot;; font-size: 16.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">P! ZAP! ZAP ZAP! ZAP! VZAP! ZAP!
ZAP! ZAP!</span></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 159.65pt; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">

<span style="font-family: &quot;Courier New&quot;; font-size: 16.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">! ZAP! RE-<span style="mso-spacerun: yes;">&nbsp; </span>ZAP! ZAP! ZAP! ZAP! ZAP! ZAP!</span></div>

<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 159.65pt; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: &quot;Courier New&quot;; font-size: 16.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">ZAP! ZAP! ZAP! ZAP! ZAP! ZAP! V
ZAP! ZAP! ZAP! ZAP! ZAP! ZAP! ZAP! ZAP! ZAP! ZAP! ZAP! ZAP!
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="tab-stops: 159.65pt; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: &quot;Courier New&quot;; font-size: 16.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">ZAP! ZAP! ZAP! ZAP! ZAP! ZAP!</span></div>
<div style="border-bottom: solid windowtext 1.5pt; border: none; mso-element: para-border-div; padding: 0cm 0cm 1.0pt 0cm;">

<div class="MsoNormal" style="border: none; mso-border-bottom-alt: solid windowtext 1.5pt; mso-padding-alt: 0cm 0cm 1.0pt 0cm; padding: 0cm; tab-stops: 159.65pt; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;">
<span style="font-family: &quot;Courier New&quot;; font-size: 16.0pt; line-height: 115%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">ZAP! ZAP!
ZAP! ZAP! ZAP! ZAP! ZAP! ZAP! ZAP! ZAP! ZAP! ZAP!
</span></div>


voa vulto, xxxxxxxxxxxxxxxxxx!
a borla acaba para quem espera,
joga que não queres e bebe a água mais morninha.
faz-te quimera
um terço burro e dois coelho.
A fervilhar, o feijão com carne da Dona Marta  tresanda a delícia pelo bairro. Cravinho, cominhos, um ovo, cubos de tendão e ossos a derreter lentamente conferem uma textura gelatinosa ténue, como um creme de carne pepitado com grãos. Mexe três vezes contra o relógio, dona Marta, conta até dez pré-discursivamente e repeterepeterepete três vezes umdoistrêsquatrocincoseisseteoitonove mexe e mexe e mexe, adiciona um bago de pimenta preta do tamanho dum botão que derrete em segundos e 123456789()()().

Vive sozinha desde a morte do seu filho, viajou e não voltou. A mãe ganhou o gosto à viagem depois do incidente.

Cozinha na bancada e viaja na bancada. Mármore ondeando que verte as manchas para as paredes da cozinha, ora longe ora perto, afastando-se dos seus olhos com a contagem da fervedura. Dez não são segundos, são pulsos de frio ritmado que pautam as mãos delicadas, unha do indicador negra, de Dona Marta. Há uma linha de formigas prateadas junto à casota, caminha, debaixo da mesa, abandonada. Prima pela perfeição e as estradas foçadoras tão romanas que perfeitam a cozinha. Coexistem pacificamente e chega a visita.

- dona marta por favor não se apresse, eu amanho-me.

E sentou-se junto à bancada, apreçando a culinária exemplar.
É como se não fosse.
Rigor de um relógio atómico do um ao dez.
dois
três
quatro
cinco
Maverina descansa o queixo no polegar e indicador, reflecte sobre a beleza tão inócua da cozinha anfitriã. Chão flutuante intercala com azulejo xadrez dançante nos padrões que espelham a mente de Dona Marta. Um grande tapete de arraiolos chelicando à porta da cozinha, que por agora é a entrada e a saída da Casa (salvo as janelas). Toda a casa reage. Um silêncio contemplativo, quebra-se apenas com as cantigas de marcha das formigas filtradas pelo fumo místico que realça os estalos e abafa a melodia. Gradualmente o fumo místico envolve toda a casa, escapando infeliz parte dele pela brecha na janela.

A porta grita lá do fundo mas a paz não se quebra. Agora murmura, grita, murmura, parece doente.

Dona Marta e Maverina sentam-se à mesa para comer e comem para sempre. Estalam amarelos e vermelhos e azuis e branco que remexe com as músicas prateadas e desenham na neblina interior tribos amazónicas e chalés de palha ao vento.

Bom jantar Dona Marta!