quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

todos de uma só vez, sim! carreguem uns contra os outros com força, faz de conta que cá não estou. inútil!  assim foi: atirei a minha mala cheia de tinteiros contra a cabeça do último fulano que me deu uma cacetada. nem deu por ela até os cartuchos caírem secos de saraivada no chão a fazer bruto espalhafato, todos não bem à volta mas a mirar, num círculo imaginário como se fosse quase um ringue na cabeça de todos - que claramente não estavam para intervir, mas sim para aproveitar os minutos de sabor exótico do dia - , que se desapontaram com o resultado. uns insultos da parte dele e arrancou para dentro do autocarro.

tratei do tédio frustrado e produziu comédia, então repeti. foi um espancamento de tal forma. com aval da plateia, o mais triste. também esta doeu-lhe mais visto que era careca e apanhou com latas de sardinhas enlatadas mesmo na parte de cima da cabeça. rodei o saco e pum!

com óleo a escorrer pelos cantos do sapato e as calças em lastimáveis condições, arranquei a correr dali, já com um olho rasgado. acho que ainda levei com uma lata no ombro, possivelmente um arremesso por algum espectador passivo que só vê coragem nas costas do oponente. como perdeu a piada, fui para uma casa de banho na estação de comboios enxugar um pouco a gordura e deitei-me no jardim que fica a 5 minutos.

desde este dia, deixei de colaborar com a cidadania. recuso esmolas e resmungo de forma sonora. já fervi à pressão de uma vida, agora passo o resto a cozinhar em lume brando.

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